domingo, 7 de novembro de 2010

MUNDO COR DE ROSA

A Casa da Barbie acabou de ser construída em tamanho real na praia de Malibu,na Califórnia,e marca as comemorações de 50 anos da boneca;o closet abriga coleção de 50 pares de sapatos.

RIVAIS MAIS ENCORPADAS

Enquanto isso,suas concorrentes ganham mercado.As bonecas Bratz,produzidas pela americana MGA,foram lançadas em junho de 2001.São quatro amigas com cara de adolescentes travessas,lábios carnudos e grandes olhos amendoados pintados com sombra.A sexualidade sugerida por suas roupas curtas e seu efeito sobre as meninas chegaram a causar preocupação na Associação Americana de Psicologia.Nos primeiros cinco anos,estima-se,foram vendidas 125 milhões de Bratz no mundo.Em 2005,as vendas atingiram US$ 750 milhões,segundo a consultoria BMO Capital Markets.Em 2006,o mercado das chamadas fashion dolls,as bonecas ligadas à moda,praticamente se dividiu:as Bratz ficaram com 40%,e a Barbie manteve seus 60%.
Mesmo com todo esse sucesso,as Bratz correm o risco de desaparecer.A MGA foi acionada pela Mattel em 2004.A alegação:o designer americano Carter Bryant era funcionário da fabricante da Barbie quando projetou as Bratz.O processo se arrastou até 2008,quando a corte americana deu ganho de causa para a Mattel.A MGA foi condenada a pagar US$ 100 milhões à concorrente e interromper as vendas da boneca.O prazo final foi o Natal de 2009.Foi um golpe duro.Somente no ano passado,as Bratz e seus acessórios renderam US$ 500 milhões à empresa,o equivalente à metade de seu faturamento.Os direitos da boneca passaram para a Mattel,mas a empresa ainda não decidiu se elas serão mantidas nas lojas.A MGA se refez do baque e rapidamente contra-atacou.Em julho,lançou as Moxie Girlz,um meio-termo entre a Barbie e as Bratz.Elas são sensuais sem ser sexy,usam roupas muito coloridas mas não tão justas e já nasceram multiétnicas(a Barbie,originalmente loira de olhos azuis,ganhou uma versão negra somente aos 21 anos de idade,em 1980).Elas não andam em carros esportivos beberrões de gasolina, mas em modelos elétricos mais sustentáveis.Seu slogan é “Be true! Be you!”(Seja verdadeira! Seja você!).
NA REDE DE LOJAS RI HAPPY,A BARBIE RESPONDE POR 91% DAS VENDAS DE BONECAS.
As Moxie Girlz foram as bonecas mais vendidas do terceiro trimestre de 2009,segundo a empresa americana de pesquisas NPD.Elas apareceram na famosa lista dos 20 presentes mais legais para o Natal do guia Toy Insider,publicado pela revista Redbook,uma referência no setor de brinquedos.A expectativa era que suas vendas gerassem,nesses cinco meses de 2009,cerca de US$ 40 milhões apenas nos Estados Unidos,número considerado alto para uma estreia.O que é fantástico na indústria de brinquedos é que há lugar para qualquer produto,de qualquer empresa,afirmou Isaac Larian,CEO da MGA, a Época NEGÓCIOS.A melhor ideia sempre vencerá.As vendas iniciais mostram que as Moxie Girlz já são uma força considerável no mercado das fashion dolls.Outro quarteto de bonecas,as Liv,também ameaça o reinado da Barbie.Lançadas em julho,as Liv foram posicionadas pela fabricante canadense Spin Master como as anti-Bratz.Representam adolescentes bonitas,porém menos provocativas,usam roupas despojadas adequadas aos tempos de recessão e andam de scooter.A empresa quis reproduzir as feições de um rosto de verdade.Para desenhar os lábios foram utilizadas fotos da namorada de um dos sócios como referência.As Liv também entraram bem no mercado.As projeções de vendas até o final do ano eram de US$ 30 milhões.
Num primeiro momento, as Liv não serão vendidas no Brasil.Já as Moxie Girlz poderão ser encontradas em breve por aqui. A representante será a Estrela.Diz Aires Leal Fernandes, diretor de marketing da Estrela:As Bratz foram as primeiras fashion dolls a ter mais atitude,a demonstrar ousadia.Em sociedades mais conservadoras,como o Brasil,não fizeram tanto sucesso.Mas comeram um bom pedaço do mercado da Barbie e mostraram um caminho.As Moxie Girlz são mais dóceis que as Bratz.Tenho certeza de que cairão muito bem entre as mães e as filhas brasileiras.

O FUTURO DA MARCA

A primeira flagship store,ou loja de referência,da Barbie,foi inaugurada no ano passado em Xangai,na China.Com a queda nas vendas da boneca nos Estados Unidos,a Mattel aposta nos mercados emergentes.

SUCESSO NO BRASIL

A Estrela fez história ao lançar a primeira grande rival da Barbie no Brasil.A Susi chegou ao mercado em 1966.O conceito é o mesmo:uma fashion doll com cara de adulta, que acompanha a moda e o comportamento.A mesma Estrela começou a importar a Barbie em 1982.As duas bonecas conviveram até 1985,quando a Susi foi retirada de circulação por pressão da Mattel.Quando a companhia americana abriu uma representação no Brasil,em 1997,a Susi foi relançada.A boneca brasileira foi líder de mercado até 2002,quando perdeu o posto para a americana.Na Ri Happy,a maior rede de brinquedos da América Latina, com 94 lojas em todo o Brasil,a Barbie responde por impressionantes 91% das vendas de bonecas,enquanto a Susi tem apenas 3,5%,em dados de janeiro a novembro de 2009.Se no mundo a Barbie perde território,no Brasil reina absoluta.Por que isso acontece? Em parte, devido a um investimento agressivo da Mattel em produtos e em marketing.Há uma preocupação em refletir o mundo real da moda;um planeta,digamos, bastante volátil.A cada ano, cerca de 98% de todo o portfólio é trocado.Isso inclui de escovas e bolsas a geladeiras e carros.As novidades são divulgadas em ações como a Casa da Barbie, um caminhão itinerante que percorreu 50 municípios, em comemoração aos seus 50 anos. No interior do veículo, as crianças foram saudadas pela Barbie em um telão e encontraram réplicas dos móveis da casinha da boneca.A CADA ANO,98% DOS ACESSÓRIOS, DA ESCOVA AOS MÓVEIS DA CASA,SÃO RENOVADOS
“Nossa forte presença no mercado brasileiro é uma questão de investimento, de inovação. É dinheiro por trás”, afirma Isabel Patrão, gerente de marketing da linha de brinquedos para meninas da Mattel. “Fazemos pesquisas no mundo inteiro, falamos com crianças de todos os continentes. Agradar a essa meninada de hoje, com acesso a tanta informação, é tarefa árdua. Elas sabem o que querem e têm mais voz ativa em casa.” Todo esse esforço, no entanto, não surtiria efeito se a Barbie não representasse, ainda hoje, as aspirações das meninas brasileiras. “Nós, mulheres, conquistamos independência, mudamos muito e abrimos possibilidades para outros modelos femininos. Mas o ideal de prestígio para as meninas ainda é a loira de olhos azuis bem-sucedida profissionalmente”, afirma a antropóloga Mirian Goldenberg.
A Barbie nasceu sexy, mas hoje sua beleza parece inocente perto das concorrentes. Em sociedades mais conservadoras, é um trunfo. “Em questão de educação, o Brasil ainda é muito retrógrado. Enquanto os meninos podem tudo, as meninas brincam de casinha. A Barbie reproduz esse mundo. Ela é linda sem ser exageradamente sexy. É emancipada e extremamente feminina ao mesmo tempo. As mulheres mudaram muito nos últimos anos, mas as meninas continuam cor-de-rosa”, diz Mirian. E como estará a Barbie daqui a 50 anos, quando completar o centenário? Continuará rainha ou viverá apenas em lembranças? O comportamento das pré-adolescentes do futuro vai ditar os rumos da boneca mais famosa de todos os tempos.




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