sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Cá ando eu, falando de areias e pedras,
De desertos em que nunca estive
Da solidão que sinto e de onde me saem as palavras
Dizendo que não sei rir, mas rindo-me do mundo...
Pobre criança mimada, pobre criança que nunca o foi,
Pobre da criança que pouco correu pelas ruas,
Que nunca se magoou nunca caiu, pobre da criança...
Que viveu por entre palácios de cristal e tabus constantes
Em que nada mais existia para além de princesas em torres
Sereias e também guerreiras, sozinhas, lutando apenas lutando...
Quem me julga por não me habituar nunca à realidade?
Quem me julga por ser assim, melancólica, vazia?
Quem me julga por me rir de tudo, todos e de mim?
Quem me julga por não sentir saudade
Quem me julga por ser assim?
Ninguém porque não há ninguém que o veja,
Porque também não há quem seja mais feliz
Porque eu nunca soube o que é ter paz e ser petiz
E a minha força, há muita gente que a deseja,
Porque nunca aprendeu a ser um todo, ser sozinha
E eu o sou, todos os dias e cada vez mais
Vivo na consciência que o mundo vive cego,
Ninguém vê nada para além de batalhas ganhas
Ninguém aprendeu a cair, a enfrentar o perigo
Apenas a aclamar façanhas
E eu? Eu sou Rapunzel observando da minha torre
Esperando, o nada que há de vir,
Vivo sonhando, Vivo amando o que o meu olhar acolhe,
Esperando um dia, partir..

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